Sobre as cólicas do lactente
Está quase a fazer 4 anos que fui mãe pela primeira vez. Já tinha uma noção que havia bebés que tinham cólicas. A minha irmã já tinha passado por essa etapa duas vezes e até foi ela que me deu as primeiras dicas. Mas mesmo se temos uma ideia do que pode ser, passar por isso é um desafio. Ver e ouvir um recém nascido com cólicas é de partir o coração, sem falar do cansaço associado às horas que se passam com a criança ao colo porque só no aconchego do Pai ou da Mãe é que ela está bem.
Nos primeiros 15 dias do bebé, ele chora um bocado mas só mesmo os 3 primeiros dias porque os intestinos estão a habituar-se à vida cá fora. Precisa de deitar fora aqueles líquidos todos que ingeriu na barriga da mãe. Aqueles primeiros cocós até parecem petróleo. De resto, até dorme demais (pelo menos com os meus filhos foi assim) e é uma dificuldade conseguir acordá-los para eles mamarem ou beberem ou biberão.
Mas é depois dessa fase que começam as cólicas. O meu filho teve imensas cólicas. Nunca dormia profundamente, estava sempre em sofrimento, sempre a gemer, a revirar os olhos. Parecia que sorria e as pessoas achavam fofo, mas a seguir àquele esboço de sorriso vinha sempre uma carreta de sofrimento. Passamos horas, o meu marido e eu, com ele ao colo. Só estava melhor no ovo quando íamos passear, provavelmente por estar mais aconchegado lá.
Então começa-se a falar sobre as cólicas ao Pediatra, aos amigos, à família, até aos desconhecidos que nos vêem com a criança e acham-na fofinha e perguntam logo se ela come bem e dorme bem, etc. E aí começam imensas sugestões. E nós como pais que queremos é que o bebé descanse e que queremos descansar também, tentamos tudo o que nos dizem, tudo aquilo que vemos na net. E existe uma lista interminável de dicas. Acho que conheço todas.
Há 4 anos, começámos pelas gotas, mandamos vir umas de Inglaterra, "Infacol", mas não resultou. Depois, num casamento, uma das raparigas que servia à mesa, falou-me de chá de funcho, que ajudava as cólicas do bebé e a ter mais leite. Não sei se já beberam chá de funcho, mas é do mais horrível que existe. Mas lá bebi litros de chá de funcho e nada. Entretanto comecei a ver na net que devia evitar comer-se coisas que fizessem gazes e verduras. Então comecei a fazer uma dieta tão grande que isso misturado ao cansaço, perdi logo os meus quilos a mais. Obviamente, não ajudou, pelo contrário, com o stress de estar sempre a pensar no que podia e não podia comer, fiquei com menos leite e tivemos de começar a dar complemento para além do meu leite. Entâo compramos biberões. E aí também nos aconselharam um em específico que supostamente alivia as cólicas: Dr Browns. Caríssimos, isso sim!! Não ajudou. Tentamos mais gotas, "Colidis", "Colimil", "BioGaia" que foram as gotas que aliviaram ligeiramente ou foi um acaso. Fazíamos massagens, a bicicleta, tudo!! Mas não adiantava nada. Até que a licença parental do meu marido acabou, e fiquei sozinha em casa com a criança. E depois de vários dias sem dormir praticamente nada porque o meu marido já não podia ficar com a criança de noite, pesquisei mais uma vez na Internet o que podia ajudar um bebé com cólicas e encontrei um artigo sobre Osteopatia Pediátrica. Falei desse artigo à minha mãe e ela disse-me que quando nasci (em França) a minha Pediátra tinha enviado a minha mãe a um Osteopata por causa dos problemas de sono que tinha. Isso já há 30 anos. E aparentemente resultou. Falamos disso a uma Pediatra que viu o nosso filho na altura porque o nosso estava de férias, e ela levantou os ombros e disse que não acreditava em nada disso. Mas como sou teimosa e que até confio bastante em medicina chinesa e alternativa, lá marquei uma consulta na Clínica da Criança e do Adolescente em Lisboa.
Fomos à primeira consulta com a Dra Vanessa e ela percebeu logo pelo que tinha passado durante quase dois meses pelo tamanho das minhas olheiras. Fui lá a uma Segunda-feira, nunca me vou esquecer e ela fez a terapia ao G e avisou-me logo, "ele hoje é capaz de ficar um bocado mais agitado mas volta na Quarta-feira e voltamos a fazer uma sessão e deverá melhorar". Efectivamente, esteve mais agitado e fiquei logo a pensar que estava a gastar um dinheirão para nada. Voltámos lá na quarta-feira, continuou a fazer as massagens, movimentos muito leves, o pequeno estava lá tranquilamente, quase não se percebia o que é que ela estava a fazer à criança. No fim da consulta, disse-nos que ele já ia descansar mais, que só precisávamos de voltar uma vez por semana e que se melhorasse, só de duas em duas semanas. E a verdade é que no dia seguinte, foi a primeira vez que o meu filho dormiu 2 horas seguidas na cama dele sem estar a gemer ou chorar. E repetiu isso depois de cada refeição. Comecei finalmente a aproveitar a minha nova vida de mãe.
As consultas de Osteopatia não me ajudaram só nas cólicas mas também quando o meu filho passou pela fase de obstipação que muitos bebés também conhecem. Deu-me dicas muito boas. Mandou-me comprar umas sondas de gazes numa farmácia em Campo de Ourique (só vendem lá) que utilizava em vez do bebegel, porque é muito menos agressivo. Aconselhou-me a dar chá de Camomila em pequena quantidade e com pouca intensidade, também ajudou imenso. O meu filho chegava a ficar 4 dias sem fazer cocó e só fazia porque o ajudava. Só melhorou quando começou a comer sopa e fruta.
Por isso, hoje quando conheço pessoas que me perguntam o que fiz quando o meu filho teve cólicas, aconselho mesmo a Dra Vanessa, até porque ela não continua a ver a criança se não há necessidade. Quando a minha filha nasceu há um ano, felizmente não teve cólicas mas tinha imensas dificuldades para fazer cocó, logo no início, ficava mais de 5 dias sem fazer e quando fazia tinha de fazer tanta força que a cara dela ficava vermelha, parecia que ia explodir. Então fui ver a Osteopata porque achava que podia resultar. A Dra disse-me logo que ela não tinha cólicas que o problema dela era intestinal e que só com tempo e ajudando-a é que ia ficar melhor. Ou seja, não se aproveitou e não nos fez ir para lá para nada.
Gastamos muito dinheiro com as consultas do G, mas foi o melhor dinheiro que gastei, conseguir descansar e passar tempo de qualidade com o meu filho e deixar de vê-lo sofrer não tinha preço e o meu conselho é mesmo tentarem se puderem. Tivemos de sacrificar umas idas ao restaurante, etc. mas foi o melhor que fizemos.