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Cenas & Coisas

Cenas & Coisas

28.Ago.20

Cake salgado de curgete e chourição

A receita de hoje é um cake salgado que pode ser servido como aperitivo, num brunch, num piquenique ou até num jantar light antes da sopa. 

 

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Ingredientes:

200g de farinha

10cl de leite

1 colher de sobremesa de fermento em pó

10 rodelas de chourição

Queijo ralado a gosto

3 ovos

10cl de óleo

2 curgetes pequenas (se forem aquelas curgetes gigantes do quintal, basta metade)

sal e pimenta q.b.

 

Preparação:

Num recipiente, misturar a farinha e o fermento. Adicionar os ovos, o leite e o óleo. Misture bem para formar uma massa uniforme.

Cortar a curgete e o chourição em pedacinhos.

 

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Adicione sal e pimenta diretamente na curgete para ganhar gosto.

Juntar a curgete e o chourição à preparação do cake e acrescentar uma mão cheia de queijo ralado. Usei mozzarella porque era o que tinha, mas pode ser emmental ou outro que prefira. Não se esqueça de temperar a preparação com sal e pimenta. Pode adicionar também ervas, dê liberdade à sua imaginação. 

Misturar os elementos todos e verter numa forma untada de manteiga e protegida com papel vegetal para não colar. Se preferir, pode utilizar esta receita para fazer muffins e então utilizar mini formas.

 

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Et voilà:

 

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Se não acabar o cake no próprio dia, pode cortá-lo às fatias e dispor uma fatia de queijo por cima (eu escolhi brie) e levar ao forno. Pode ser uma das várias maneiras de disfrutar deste delicioso cake.

 

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Bom apetite!!

 

Para mais fotos e receitas pode também seguir a página Facebook e Instagram, basta clicar nos ícones do lado esquerdo.

 

25.Ago.20

Portuguesa em França mas Avec em Portugal

Como já falei no blog, nasci em França perto de Paris de pais portugueses que estavam lá para trabalhar e ter uma vida melhor. Vínhamos todos os anos passar férias a Portugal no Verão e por vezes no Natal também. Sempre sonhei em vir de vez com os meus pais e a minha irmã, mas eles quiseram que eu estudasse até ao 12º ano para ter tempo de perceber se queria mesmo viver em Portugal ou não.

 

Campeões da Europa jogam na nossa região | Associação de Futebol ...

 

Até lá vivia em França, mas sentia-me mais portuguesa do que francesa, até porque me faziam sentir assim. Na escola, logo cedo com menos de 10 anos já me chamavam de “bacalhau” ou de “poilue” quando nem se quer tinha mais pelos ou buço do que as outras meninas francesas e na altura nem se quer gostava de bacalhau. Nem sempre é fácil lidar com esse tipo de gozo principalmente quando se é criança.

Houve sempre muito preconceito, uma vez à conversa com um colega do liceu estava-lhe a dizer que a minha irmã vivia em Lisboa e estudava direito e ele vira-se para mim e pergunta-me: “mas há advogados em Portugal? Não são só trolhas e mulheres de limpeza?” e no seguimento dessa conversa perguntou-me como era Lisboa, se era uma aldeia e eu no gozo disse-lhe que sim e que só se andava de trator e que havia pastores com ovelhas por todo lado. Essa conversa aconteceu em 2002 ou 2003. Hoje em dia esse preconceito já não existe tanto porque com o boom do turismo em Lisboa, muitos franceses já conhecem a nossa capital e inclusive mudaram-se para cá.

 

Em 2004 vim estudar para Lisboa e pensava eu que finalmente ia sentir-me em casa, que já ia ser portuguesa em Portugal, mas passei de Portuguesa em França a ser a Francesa ou Avec em Portugal. Não é pela minha aparência que fui desmascarada porque tive sempre um estilo mais próximo das adolescentes de cá. Nunca usei meia branca com ténis de corrida e coisas do género (alerta preconceito sobre os emigrantes!!), mas tenho um sotaque francês terrível que apesar dos anos não passa. Sotaque esse que aguça a curiosidade de muitos até perceberem que é francês, já o confundiram com uma deficiência da fala nos meus primeiros anos cá (dessa vez foi um abuso porque só tenho um problema com o R e o som lhe). E pronto, já conhecia algumas ideias feitas que existiam sobre os emigrantes, as meias brancas, a toalha de praia de Portugal, o símbolo de Portugal no carro, Michel tu vas tomber, etc. Na faculdade descobri os preconceitos sobre os Franceses. Ou seja, as francesas são umas atrevidas, não tomam banho e não fazem depilação. Essa dos pelos foi a gota de água! Quer dizer, dum lado ou de outro não me safo da fama de ser peluda!!! Foi sempre tudo no gozo e aqui nunca sofri com isso porque já tinha outra idade e capacidade para rir de mim própria. Além disso nunca senti que se estivessem a rir de mim mas sim que se estavam a rir comigo. 

 

Para concluir, foi duro esperar tantos anos até vir para Portugal. Por mim se os meus pais me tivessem deixado, teria vindo com a minha irmã logo em 1996 até porque a distância foi muitas vezes difícil de aguentar. Mas apesar de tudo estou agradecida por ter vivido mais um tempo lá e ter crescido com a cultura francesa. Hoje faço de tudo para transmitir aquilo que guardo de França aos meus filhos e mantenho uma ligação forte com o país onde nasci. Mas uma coisa é certa, amo Portugal de paixão (apesar de achar que podíamos ser muito melhores em coisas importantes como o sistema de saúde, as estradas, o sistema de ensino público, etc. Mas não entremos em polémicas) e é aqui que quero ficar e que os meus filhos cresçam se possível. E quanto ao futebol, Portugal sempre!

 

 

08.Ago.20

Se fosse só uma gripe...

Quando o Covid-19 era só um vírus desconhecido e que ainda havia poucos óbitos, também achava eu que era só uma gripe. Parecia que “só” morriam os mais frágeis, pessoas de muita idade mesmo, etc.

Entretanto chegaram os primeiros casos na Europa e pessoas que eram aparentemente saudáveis ficaram com sequelas graves ou até faleceram, e já comecei a temer um bocado mais esta doença.

Rapidamente passou a ser tratada por Pandemia, os países fecharam-se para limitar a propagação do vírus e aí percebi que não era só uma gripe.

No entanto, ainda se ouve muita gente a denegrir o vírus e a compará-lo com uma gripe.

Mas se fosse só uma gripe, os países não teriam fechado as fronteiras durante semanas.

Se fosse só uma gripe, as escolas não teriam encerrado e os pais não se teriam transformado em professores.

Se fosse só uma gripe, os aniversários não teriam sido só com os moradores da casa, mas sim festas com família e amigos.

Se fosse só uma gripe, os casamentos e batizados que são eventos ansiados por tantos não teriam sido adiados.

Se fosse só uma gripe, todos os pais teriam assistido ao nascimento dos seus filhos.

Se fosse só uma gripe, não teriam ficado 15 mil cancros por diagnosticar em Portugal por causa da limitação que houve no serviço nacional de saúde.

Se fosse só uma gripe, não deveríamos andar de máscara.

Se fosse só uma gripe, os finalistas poderiam ter festejado o final de curso.

Se fosse só uma gripe, haveria arraiais e festas de verão.

Se fosse só uma gripe, os idosos do lar que já se sentem à margem poderiam receber visitas dos familiares.

Se fosse só uma gripe, os doentes internados também poderiam receber visitas.

Esse último ponto é que me mete mais raiva contra este vírus e com quem diz que é só uma gripe.

O cancro é outra doença que há muito tempo me revolta. Chega muitas vezes do nada e atinge qualquer um independentemente da idade.

Mas gerir esta doença malvada neste contexto de pandemia é do pior.

Perdi uma amiga que lutou com a força toda durante 2 anos e que só abandonou quando já não recebia as visitas que adorava ter. Até podia nos deixar na mesma sem o Covid, era o mais provável, não sou ingénua, mas teria tido a despedida que merecia. Assim, só pudemos deixar umas mensagens ao seu marido, rezar cada um no seu canto e escrever uma lembrança no Facebook.

E como fazem aqueles que têm de ser internados de repente para começarem tratamentos, e já atingidos pelo choque de ter uma doença que se calhar nunca imaginaram ter, agora têm de passar por isso sozinhos num quarto de hospital?

E aqueles que já estão a lutar há muito, mas que já não conseguem lutar mais e que ficam retidos no hospital de um dia para o outro sem saber se voltarão a sair, mas que por causa deste terrível vírus nem podem receber visitas? Como fazem eles e os seus familiares?

E certamente não me consigo lembrar de todos aqueles que de uma maneira ou outra estão a passar por momentos difíceis por causa do Covid-19 e que nunca pensaram que algum dia passariam por isso.

Por todos esses motivos, deixo aqui uma mensagem àqueles valentes que não têm medo do vírus, que o tratam como uma gripe ou que acham que é tudo uma conspiração para os laboratórios criarem vacinas e lucrarem com isso.

Pessoal, por favor, pensem que conspiração ou não, este vírus está cá, este vírus está a matar muitas pessoas, mais do que aquilo que se esperava (morreram 722362 pessoas, ou seja 5% das pessoas que o apanharam) e não mata só velhos, não mata só pessoas com doenças crónicas. Se não conseguem ver isso, pelo menos tenham empatia e respeito por quem está a ver a sua vida mais complicada por causa do Coronavírus e não andem por aí a dizer que é só uma gripe, porque se fosse só uma gripe era muito bom!