Relíquias e tesouros - Revista Crónica feminina
Este é o primeiro artigo sobre "Relíquias e tesouros" que escrevo e escolhi falar sobre uma revista que a minha mãe lia nos anos 70, a Crónica feminina. Conservadora como é, guardou imensos exemplares, e cusca como sou, comecei a ler algumas e descobri que são verdadeiros tesouros, de tal forma que irei fazer vários artigos com excertos mais engraçados e curiosos.
A Crónica feminina foi fundada em 1956 pela a Agência Portuguesa de Revistas. Semanalmente, abordava vários temas, assuntos sociais, moda, culinária, cultura, correio das leitoras e tinha muita publicidade e sempre uma fotonovela.
As revistas que a minha mãe tem, são de antes e depois do 25 de abril de 1974. Por isso é mesmo interessante ver como escreviam antes e depois da ditadura, nota-se nas revistas de 1975 e 1976, uma curiosidade cada vez maior na emancipação da mulher, apesar de se notar ainda uma grande discriminação para com as mulheres... mas já mudamos de século e no entanto ainda se sente diferenças entre as mulheres e os homens hoje em dia.
Hoje partilho convosco a revista Crónica feminina nº837 de 7 de Dezembro de 1972.
Em cada capa, aparecia uma ou várias pessoas anónimas, crianças, mulheres, casais, etc.
E o artigo em questão que vos vou mostrar é sobre um tema que continua a ser hoje muito explorado, o sono das crianças.
No geral, os conselhos são os mesmo que os que nos dão hoje os vários artigos que se encontram em revistas e blogs.
O relevante deste artigo é mesmo a parte que sublinhei onde dão o conselho seguinte:
"Cuidado portanto, com as ocupações do fim da tarde ou da noite: jogos ruidosos com os irmãos e o pai, ao regressar do trabalho".
Pois, porque em 1972, o lugar das mulheres era na cozinha a preparar um bom jantar e não a brincar com as crianças... Alguma vez a mulher tinha tempo para brincar com os filhos?! Não... obviamente tinha mas era que limpar a casa, ir às compras, preparar as refeições, etc. Nada de diversão, isso é para o Pai que coitadinho esteve o dia todo a trabalhar fora enquanto a mulher não tinha com o que se preocupar...
Ainda bem que evoluímos entretanto. Falo por mim, adoro brincar com os meus filhos e eles adoram brincar comigo e com o Pai.
E pronto, isto foi só um exemplo do que era a Crónica. Obviamente a crítica não vai contra a revista em si mas a mentalidade da época em que se insere. Porque a Crónica não era só isto. Do pouco que já li, acho que era uma revista com temas variados e que conseguia ajudar as mulheres que, lá está, não tinham assim muitas ocupações para além da lida da casa, a conseguirem obter alguma cultura geral.